Preciso de crédito, como avaliar corretamente as condições?
Para começar, é importante dizer que tomar crédito pode, sim, ser parte da solução financeira para as pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Porém, deve ser feito com cautela. O acesso ao crédito de maneira correta pode viabilizar a reestruturação da vida da população. Não à toa, vários bancos, públicos e privados, têm ofertado linhas de crédito direcionadas ao grupo atingido pela catástrofe.
Se você faz parte desse grupo, o Recupera, tchê! gostaria de compartilhar orientações para que essa operação traga o máximo de benefícios. Veja 7 dicas abaixo.
1 – Identifique para que você precisa de crédito
Saber bem para que você deseja usar o dinheiro emprestado, além de informar sobre o valor a ser pedido à instituição bancária, pode direcioná-lo a linhas de crédito com melhores taxas.
Muitas vezes, algumas pessoas, como servidores públicos e aposentados, podem acessar empréstimos pessoais de forma consignada. Esse tipo de crédito já é bastante conhecido pelos brasileiros. Em linhas gerais, por ter o desconto de pagamento da prestação feito na folha de pagamento, ele não oferece risco de inadimplência para o banco, deixando, justamente por isso, taxas de juros mais baixas. É preciso ter atenção e calcular exatamente quanto do seu salário estará disponível após a dedução da parcela do empréstimo consignado.
Determinados setores produtivos também obtêm condições melhores em razão de subsídios oferecidos pelos governos. O Governo Federal, via BNDES, por exemplo, ofertou R$ 1 bilhão para produtores rurais, microempreendedores individuais (MEIs) e micro, pequenos e médios empresários das cidades atingidas pelo desastre. A linha pode ser acessada por meio todas as instituições financeiras credenciadas ao BNDES que atuam no estado do Rio Grande do Sul (bancos comerciais, bancos cooperativos, cooperativas de crédito, bancos de desenvolvimento e agências de fomento).
2 – Certifique-se de que o valor a ser pedido dá encaminhamento ao problema, ou seja, que ele é uma medida, além de necessária, efetiva
Por exemplo, se você estiver tomando um empréstimo para pagamento de dívidas, some-as, vendo se é possível pagá-las na integralidade. Considere sempre a análise das taxas de juros envolvidas.
3 – Tendo em vista o valor de que precisa, busque linhas de crédito que ofereçam boas condições de juros e de pagamento
As taxas de juros aplicadas pelo mercado são reguladas pelo Banco Central, seja para pessoa física, seja para pessoa jurídica. O Banco Central tem acesso ao valor médio que cada instituição financeira tem praticado e, para se ter uma ideia, no site do órgão (https://www.bcb.gov.br/estatisticas/txjuros) é possível visualizar mais de 20 tipos de taxas diferentes.
Essa página não só é extremamente útil para visualizar as taxas médias praticadas como também para você se precaver de cair em algum golpe, pois o Banco Central apenas lista os bancos autorizados a operar no sistema financeiro.
Observar as condições de pagamento pode ajudar também. Olhe sempre para o prazo de quitação da dívida (a quantidade de parcelas) e para o período de carência ofertado pelo banco (data para o início do pagamento das prestações). Essa dupla de variáveis pode ser bastante relevante para você nesse momento de retomada.
4 – Antes de contratar o crédito, verifique se a parcela a ser assumida pode ser paga por você - ou sua empresa - mês a mês
A parcela que você vai assumir precisa caber no seu orçamento mensal. Para saber se ela pode ser assumida, faça um levantamento dos seus gastos, entendendo que a prestação precisa ser contemplada dentro da renda estimada, seja para pessoa, família ou negócio.
A gente já ofereceu aqui no nosso guia um textinho sobre como saber quais são suas despesas. Recomendamos fortemente que você faça direitinho a sua fotografia financeira, instrumento simples que dá clareza a ideia de custos mensais. Assim, você terá mais segurança na hora de assumir esse compromisso.
5 – Olhar os juros é importante, mas fique atento aos demais termos do contrato
Checar as taxas de juros é importante demais na tomada de crédito. Mas vale a atenção para outras taxas (abertura de conta, manutenção, análise de crédito, administrativas), seguros, IOF. Não tenha vergonha de pedir todas as informações à instituição bancária com a qual está negociando. Conhecer o custo efetivo total (CET) do que vai ser contratado é fundamental.
6 – Atente-se para os requisitos e condições do empréstimo, avaliando os riscos envolvidos
Toda operação financeira tem risco, seja para o banco, seja para você. Para o banco, o maior risco é o calote. E, claro, ele cuida para que não aconteça ou que seja amenizado.
Para o público em geral, além dos juros elevados, os maiores riscos são:
– o endividamento, já que o empréstimo pode comprometer a capacidade de cumprir outras obrigações e fazer face às despesas;
– a inadimplência, que pode implicar na penhora de bens, como imóveis e veículos, e em custos judiciais.
7 – Desconfie de condições boas demais
A gente já falou, mas vale relembrar: os momentos de vulnerabilidade deixam os golpistas mais animados para se aproveitar da fragilidade das pessoas, aplicando golpe a torto e a direito. Fique sempre vigilante às ofertas de crédito que pareçam muito vantajosas.
Lembre-se do ditado: quando a oferta é demais até o santo desconfia. Consulte sempre as condições ofertadas junto ao banco por meio dos canais oficiais. Para checar se o banco existe, conte com o Banco Central mais uma vez: https://www.bcb.gov.br/meubc/encontreinstituicao