Como se organizar para sair das dívidas
Sair das dívidas é um movimento que exige estratégia, responsabilidade e, principalmente, coragem. Se você chegou até esse guia, significa que já deu um grande passo para a mudança. Então, respire fundo e vamos juntas nessa jornada!
1- Ponto de partida para sair das dívidas
Para começar, é importante entender a situação. Nesta etapa buscamos visualizar o tamanho da dívida, qual é o custo atual e de onde ela veio.
Aqui, informações importantes serão levantadas: qual foi o acordo inicial do contrato? Tem garantias? Você tem acesso aos documentos de formalização? É uma dívida no cartão de crédito, cheque especial, financiamentos, crédito pessoal?
Um alerta! É natural ter dificuldade de encarar a realidade e não conseguir avançar. Essa é uma reação automática da nossa mente, que tenta nos proteger de sentimentos que podem nos causar dor, como estresse, vergonha, culpa.
Mas lembre-se: o que você quer é aumentar a conscientização e entender como sair desse lugar. Precisamos jogar luz no problema e assim construir o caminho para a mudança. Mas se ficar difícil seguir sozinha, busque uma pessoa parceira.
2- Identificando uma pessoa parceira
Busque alguém que te deixa confortável para compartilhar as experiências financeiras, alguém que esteja disposta a te ouvir sem julgar, uma pessoa que te incentiva ser realista, que seja capaz de pensar com clareza sem propagar o pânico.
Se não for possível encontrar essa pessoa na sua rede de amigos ou familiares, você pode contar com o apoio de profissionais, como planejadoras financeiras e psicólogas para questões emocionais.
3- Consultando as dívidas
Se você não tem ideia de onde começar a consultar as dívidas, compartilho abaixo alguns órgãos e empresas que mantêm os registros de operações de crédito e cobrança.
Registrato – Site do BC que mostra a relação de todas as dívidas cadastradas no seu nome, incluindo as do cartão de crédito. Basta fazer login com conta gov.br e consultar o relatório de empréstimos e financiamentos.
Agora, pra consultar quais são as pendências registradas no seu nome, basta acessar as seguintes páginas e fazer o cadastro.
– Consultar o CPF na Serasa
– No Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
– Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC)
4- Construindo um novo mapa
Quero propor um exercício: imagine que sua vida financeira é uma folha em branco. Não tem dívidas, pendências, nada.
Agora, comece a incluir o que é essencial nesse novo mapa, mas seja honesta consigo mesma. Sabemos que tem itens que não dá pra viver sem, mas existem muitas formas de gastar com uma mesma categoria.
Não podemos ficar sem comer, mas essa alimentação pode ser em casa, pedido no aplicativo ou em um restaurante, você pode cozinhar com itens mais caros ou itens mais baratos, o ponto aqui é: o que é ESSENCIAL pra você?
Vale destacar que estamos buscando com esse exercício o equilíbrio nos gastos e espaço no orçamento para negociar as dívidas.
Antes de qualquer negociação é essencial que você conheça o seu orçamento. Somando tudo o que é essencial pra você, vai ser possível subtrair da sua renda e calcular qual o valor da parcela que cabe no seu bolso.
Renegociar dívidas e não conseguir pagar não é um bom negócio. Você pode perder as vantagens da negociação, como abatimento dos juros, descontos, garantias e o seu nome pode voltar ao cadastro de inadimplência. Por isso, tenha clareza sobre qual valor é possível assumir no mês a mês.
5- Criando um plano de quitação de dívida
Nem sempre é possível assumir o pagamento de todas as dívidas ao mesmo tempo; nesse cenário é preciso criar um plano de quitação para definir qual dívida será negociada primeiro.
A ordem de prioridade muda, dependendo de cada contexto. No entanto, aqui vão algumas sugestões pra definir qual será a sua ordem de prioridade.
– Qual é a dívida mais cara?
– Tem alguma dívida com garantia, como carro ou casa?
– Tem empréstimos com a sua rede de apoio, como amigos, família?
– Existe abertura para negociar o pagamento com essas pessoas?
– Alguma dívida impacta a sua fonte de renda?
– Dentre essas dívidas, alguma delas com negociação de desconto no pagamento?
Depois de definir a lista de prioridades, o próximo passo é a negociação das dívidas.
Se houver dívidas em vários ou todos esses perfis, a sugestão é priorizar aquela que poderá ser paga de forma integral mais rapidamente. Reduzindo a lista de compromissos com terceiros. Esse movimento tem um efeito de alívio emocional pois aumenta a percepção de que a situação está caminhando para a solução.
6- Negociando as dívidas
O fundamento dos contratos de crédito e financiamento é a confiança. É por isso que as instituições financeiras, antes de conceder o empréstimo, verificam as suas informações, pedem garantias. Fazem isso para confirmar a sua capacidade de pagamento futura.
Quando esse pagamento não se confirma, gera uma série de transtornos e custos para as empresas e, por essa razão, os credores são os principais interessados nessa negociação.
Nesse momento, é importante ter todos os documentos da negociação inicial em mãos. É fundamental conhecer o orçamento e saber qual a possibilidade de pagamento que você pode assumir. Assim, diminui o risco de negociar um contrato e não conseguir cumprir com o acordo.
7- Caminhando para uma nova fase
Ter débitos negociados não significa que se pode abandonar o planejamento financeiro. É preciso ficar atento às despesas para abrir espaço e dar o próximo passo.
Com a queda dos compromissos com terceiros, o orçamento terá margem para fazer novas escolhas, e esse pode ser um bom momento para começar a preservar um valor para imprevistos e emergências, construindo sua reserva financeira.
A reserva financeira serve como um apoio para momentos em que a renda do mês não cobre todas as necessidades. Mas um outro papel fundamental desse fundo é evitar entrar em uma situação de dívidas novamente e conseguir fugir dos temidos juros.